sexta-feira, 1 de julho de 2011

Divisão do Pará: debates

UFPA é palco de debate sobre a divisão do Pará. Deputados defenderam suas posições.

Edição de 01/07/2011

De um lado o deputado federal Arnaldo Jordy (PPS) e o advogado Sérgio Couto. Do outro os deputados federais Giovanni Queiroz (PDT) e Lira Maia (DEM) e o titular da Secretaria de Pesca, Asdrubal Bentes. O encontro entre os que lutam pela integridade territorial do Pará e os que defendem a divisão do Estado movimentou ontem a Universidade Federal do Estado do Pará.

Vários estudantes e professores estiveram presentes no Centro de Convenções Benedito Nunes, no Campus da UFPA, para participar do debate organizado pela universidade, em parceria com o Conselho Regional de Economia (Corecon), cujo presidente, Eduardo Costa, foi mediador do encontro. Durante as exposições dos debatedores, os estudantes não esconderam seus sentimentos acerca do tema, reagindo às declarações que era feitas do palco com vaias ou aplausos.

Um dos vaiados foi Asdrubal, que deixou muitas pessoas presentes indignadas ao afirmar que apenas os moradores das áreas as serem desmembradas deveriam votar no plebiscito. O secretário de Pesca apresentou, em 1989, o primeiro projeto de criação do Estado de Carajás. "Nós não vamos dividir, não vamos separar. Vamos somas novos Estados. Vamos ter o triplo de recursos públicos", afirmou.

Reação contrária o público presente teve com Sérgio Couto. Após ouvir as declarações dos separatistas, o advogado procurou responder a cada um dos argumentos dados para justificar a divisão. Ele também afirmou que a criação de novos Estados representa aumento do déficit público. Carajás, por exemplo, gastaria R$ 1,8 bilhão anual com manutenção administrativa, o que corresponde a 22,5% do seu Produto Interno Bruto Estimado. Tapajós gastaria R$ 1,4 bilhão anuais (39% do PIB). "Esses Estados seriam natimortos. Nasceriam endividados até o pescoço. No momento que acontecer a divisão eles não terão a máquina administrativa do Pará para ajudá-los", destacou.

Sobre a afirmação de Lira Maia de que o Estado remanescente ao invés de perder iria lucrar, uma vez que ficaria com o PIB maior que o de Carajás e Tapajós, Couto classificou este como "um dos argumentos mais enganosos" que ele afirma ter visto em todas as discussões que participou sobre o assunto.

Sérgio Couto diz não aceitar os argumentos de que a grande extensão territorial atrapalha o desenvolvimento. "Eu amanhã vou para Pequin e vou passar dois dias viajando. Eu já fui para o Rio Grande do Sul e voltei no mesmo dia. Acabaram as fronteiras. A tendência mundial é a aglutinação. Nós estamos querendo é aglutinar", observou.

Em seu pronunciamento, Giovanni Queiroz fez comparações entre o Pará e Goiás e Tocantins, que foram desmembrados de outros Estados. "Hoje, Tocantins tem 6 mil km de rodovia asfaltada e o Pará tem 4,7 mil km. O Estado do Tocantins tem 42 faculdades. Em Carajás nós temos quatro. Lá do outros lado eles tem cinco faculdades de medicina e treze de enfermagem. ", disse o deputado. Segundo ele, os separatistas entendem que a divisão é o melhor instrumento para potencializar a região. O deputado Lira Maia acredita defende que o Pará tem condições de sobra "para colocarmos em prática esse modelo de desenvolvimento", se seguir o exemplo de outros estados que foram divididos.

Do Amazônia

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